terça-feira, 26 de maio de 2015

Uma pontinha de esperança

              



            


"Não foge a luta mas, foge da sala de aula"


             No último sábado, recebi uma visita que muito me alegrou e que até acendeu uma pontinha de esperança de, um dia, ver a restauração da educação no Brasil. Meu tio contou que a sua esposa, pedagoga em uma escola pública do Paraná, não aderiu à greve, mesmo sob ameaças dos “colegas” sindicalistas, honrando assim o salário recebido – salário este pago com dinheiro público, ou seja, com o meu dinheiro, o seu e o de todos os contribuintes.
O cidadão (se é que assim pode ser chamado) Beto Richa está muitíssimo errado, pelo rombo que causou aos cofres públicos e, por não saber dialogar permitindo a violência, porém um erro não justifica o outro, pois os alunos da escola pública estão perdendo um semestre de aula, cujo conteúdo não poderá ser reposto, ainda que não tenham férias em dezembro e janeiro, ao passo que o salário dos professores é pago independentemente de eles trabalharem ou não. No Estado do Paraná, a menor remuneração de um professor é, em média, de R$ 2.800,00. Não é uma bela quantia para ficar em casa ou passar algumas horas da semana levantando faixas nas ruas? Este é o exemplo que os professores dão aos seus alunos e filhos: o Brasil é o país do oba-oba, do jeitinho, do sindicalismo, da luta de classes infunda, e o que importa é o interesse deles.
A longa ausência destes nossos funcionários públicos em sala de aula revela o descaso com o ensino, a falta de vocação para lecionar e o desapego pelo verdadeiro saber. Albert Camus escreveu: “Sem trabalho a vida apodrece. Mas, quando o trabalho não tem alma, a vida fica asfixiada e morre.” Os professores sem alma viram grevistas.
Entendo a luta dos caríssimos (e põe caro nisso!) professores por melhores salários, afinal vivemos tempos em que o custo de vida se eleva a cada dia. Porém, estranho e lamento que o dinheiro seja a única motivação de luta e de luto. Enquanto gastam suas energias na briga por aumento salarial e segurança da aposentadoria, esquecem-se de lutar e usar preto pela falta de respeito dos alunos em sala de aula, pelo gigantesco corte de verbas feito pela presidente recentemente e pelos desmandos do MEC que levam o sistema educacional do Brasil cada vez mais para o buraco. Parênteses: Algumas famílias que se sustentam fazendo a condução de alunos da rede pública estão sem renda há meses. Como os pais dos alunos pagarão por um serviço, se os seus filhos não têm aulas? Mas já os professores, mesmo em greve, têm como pôr comida na mesa.
Assim como o profeta Elias colocou suas esperanças de ver chuva cair da pequena nuvem que surgiu no céu, coloco minhas esperanças na digna pedagoga que trabalha em período de greve e honradamente recebe seu salário.         

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